Desde quando toca no IASA?
Em torno de maio de 2008.
Quais instrumentos toca?
Trompete, flugelhorn e corneta.
Por que escolheu esse instrumento?
De certo modo eu não escolhi, foi o Elton que me empurrou e eu aceitei. Não esperava por nada, não tinha senso critico algum para instrumentos. No inicio, quase abandonei, era barulhento, não tinha progresso, e o som feio. Mas com o tempo, fui me apaixonando por ele; e em 2011 comecei a tocar flugelhorn, pois sentia muita falta de tocar algo com um som mais 'espirituoso e aveludado' e menos 'virtuoso e claro', pensei na trompa, no bombardino, até que vi alguns vídeos do Sergei Nakariakov tocando obras de Bach e Fauré no flugel, e ai pensei: 'é esse instrumento que quero'. Lógico, levou um tempinho para ajuntar recursos para adquiri-lo, mas pelo menos este eu escolhi. Também tenho interesse de aprender outros instrumentos, como trompa, tímpano e violoncello. E por muito pouco não comecei a aprender violino, apesar de já ter feito uma aula; mas falta tempo, e um instrumento exige muita dedicação, logo, você tem que escolher um.
O que mais gosta nele?
Tem um som que te dá um certo tipo de moral, energia, ele acaba te influenciando e fazendo parte do seu caráter, acho que desde que comecei a tocá-lo, me tornei mais brado. Todavia, o que realmente gosto do instrumento é a forma como consigo expressar algumas idéias muito intimas, as vezes complexas e abstratas, que só com ele é possível, mas sempre com energia convicta mesmo quando apenas numa nota mais silenciosa.Não vejo nada de muito especial assim como os demais instrumentos; um ecossistema, floresta, seria monótomo, sem vida e sem graça se não houvesse tanta variedade de cores, formas, seres, plantas, animais, sons; do mesmo modo olho para a música e os instrumentos; todos contribuem. Alguns podem se destacar mais pelo tamanho, força ou cor, mas todos, de certo modo, são iguais e contribuem para o belo, para a sinfonia.
Há quanto tempo toca?
Desde meados de 2007.
Começou a tocar qual instrumento e por quê?
Como já disse, iniciei com um convite do Elton Pallone (trombonista), era (e ainda sou) amigo muito próximo dele, e não consegui recusar o convite - graças a Deus! E já fui logo de cara tocando o trompete. Mesmo já com meus 20 anos, conheci tarde este mundo, agora é correr atrás do tempo perdido.
Um pouco sobre sua carreira. Sempre se interessou por musica?
Não. Na minha família não havia músicos, quando criança, eu só pensava em futebol e video-game; meu maior contato foram as músicas dos Mamonas Assassinas, Techno e Bass, por influencia do meu irmão. Acho que cheguei a passar anos sem ouvir música por conta própria, ou mesmo ligar um rádio. Por volta dos 14 anos comecei a ouvir bastante Rock, Pop norte-americano, algumas coisas brasileiras, e rap; mas já tinha alguns gosto alternativos, admirava muito temas de alguns filmes, principalmente do Indiana Jones, composto por John Willians. Já aos 16 anos, houve uma grande mudança na minha vida, de modo que passei a me envolver quase que unicamente com a religião, e por muitos anos apenas ouvi músicas vocais de grupos religiosos, dos quais, foi extremamente significante para a minha vida o quarteto Arautos do Rei e o Pedra Coral. Aos 17 anos tive grandes experiências com este coral, no qual me ingressei na voz do baixo aos 17 anos (fiquei ao todo 7 anos no coral). Aos 20 anos, ouvi pela primeira vez uma orquestra ao vivo, e comecei a tocar trompete; daí em diante, passei a me interessar muito (mas muito mesmo) em música, especialmente a música erudita e sacra; e estudar muito, passei a me interessar muito pelos aspectos filosóficos, históricos, antropológicos, artísticos e técnicos da música. Sou um cara muito analista, reflexivo, minha área de atuação está na Matemática, mas eu ligo muito para essas coisas que a maioria das pessoas da minha área deploram, sinceramente, considero música mais importante do que qualquer ciência. Posso dizer, que minha maior dificuldade hoje com música é a mecanica da execução, e a capacidade de escrever as idéias que tenho em mente, mas com o tempo isto melhora. Atualmente, dou aula de trompete e bombardino no conservatório da Igreja Adventista do Sétimo Dia Central Santo André, toco no Grupo Innovare, IASA, Hope Brass e na FaCoM (Fanfarra Clube Omega de Desbravadores).
Um pouco sobre o seu instrumento
É um instrumento historicamente muito importante no contexto judaico-cristão, na sua forma primitiva, a corneta (horn); sempre foi muito usado no sentido de soar clarins, que desperte e chame a atenção das pessoas para questões muito importantes, desde questões religiosas como militares. Com a tecnlogia dos últimos séculos, temos o trompete de pisto, o qual nos possibilita uma grande variedade de cores, tem um timbre intenso, marcante, penetrante, é um instrumento muito claro; e isso possibilita reforçar e marcar muito idéias musicais, além de se poder fazer muitos efeitos; e é razoavelmente pequeno, dá para tocar até debaixo da chuva, em qualquer lugar, até em meio ao barulho; pode-se fazer uma grande projeção, mesmo nos pianissimos; e possuí uma grande variedade de bocais e surdinas que aumenta ainda mais as possibilidades de timbres, cores, idéias, texturas. Seu mecanismo de som é basicamente a vibração do lábio (abelinha), como todos os metais, o trompete por ter uma tessitura mais aguda, usa bocais menores, e exige uma embocadura menor, ao mesmo tempo, maior frequência sonora, ou seja, mais vibrações, o que exige maior velocidade de ar, o que exige uma grande capacidade de expirar rapidamente e controlar o ar e manter uma embocadura firme, o que exige uma grande quantidade de esforço físico e energia do trompetista. No Renascimento e Barroco o trompete teve uma semântica muito especial nas músicas, normalmente associado, com idéias celestes, ou de grande importância religiosa, era o seu grande teor nas músicas de Giovanni Gabrieli, Bach, algo muito semelhante ao que podemos pensar nas sonoridades 'organistiscas' de Bruckner; no final do Romantismo e inicio do Modernismo começou a se popularizar muito, por passar a ser muito usado, com sons muito penetrantes e cativantes, e novos efeitos, como com Bruckner, Wagner, Mahler, Stravinsky, e então, surgiu o Blues e o Jazz, que de certo modo, começaram a explorar muito suas capacidades técnicas, e fez dele um instrumento muito popular no mundo, usado nos mais diversos estilos. Existem trompetes de varios calibres e muitos personalizados - são muitas medidas, muita matemática envolvida - e em varias afinações, apesar de eu só usar o Bb; mas gostaria de ter em outros tons.
O que não gosto
É um instrumento muito ingrato, você precisa estar em dia em boa forma (respiração e embocadura); se você fica 2 dias sem tocar, a musculatura já relaxa muito, perdendo a embocadura e resistência; se ficar 2 semanas então, é como jogar futebol depois de 2 anos parado. Além disso é um instrumento muito potente; e é difícil, exige bastante sensibilidade e técnica conseguir domá-lo; principalmente para tocar bem na região entre o ppp e mp. Como ele naturalmente soa forte, é muito comum encontrar trompetistas que tem uma ideia de fanfarra e fica fazendo 'barulho' ao invés de 'música'. Quanto a isso, replico as palavras que certa vez ouvi de um maestro, dizendo que o trompete é um instrumento muito claro, logo, exige perfeita execução. É muito potente, logo, exige muita responsabilidade e sensibilidade do instrumentista. Mas o que menos gosto é a sua dificuldade mecânica e quando cansa o lábio não tem o que fazer, apenas parar; e fica muito difícil para quem usa aparelho ortodôntico (como eu), ou quando queima, racha ou cria uma afta, espinha no lábio, você tem que ter um cuidado extra com sua boca.
O que gosto
Bem portátil, fácil limpeza, tem um timbre penetrante, é possível expressar algumas idéias muito heróicas, triunfais de modo único; além de conseguir se fazer melodias de modo muito penetrantes e profundas mesmo quando com pouca intensidade, com um bocal maior e fundo.
Quem foram seus professores?
Quando criança, meu tio Dirceu me ensinou a cantar, quando estava num conjunto na igreja. Aos 17 anos tive aula de canto com Marco Antonio. Depois, iniciei meus estudos com o Elton Pallone, ele me ensinou o básico do básico de teoria e trompete; depois passei a estudar mais por conta própria. Em 2009 - 2010 fui aluno do Wagner Felix, trompetista da Orquestra Sinfonica de Santo André, Santos e professor da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, agradeço muito a ele, pois aprendi MUITO, é um excelente professor e musicista (muito camarada). A partir de então, fui muito autodidata e pesquisador, mas comecei a pegar muitas dicas com trompetistas que fui conhecendo, e ia testando quase tudo vendo o que funcionava ou não, e as possibilidades. Gosto de pensar que eu desenvolvi meu som ao invés de copia-lo. Em 2011, também tive Carlos Sulpicio (da Escola Municipal de Música de São Paulo) como professor, que me ajudou a dar mais atenção a ritmo e dinâmica, como ele disse, "é isso o que faz as pessoas levantar da cadeira".
Quais músicas gosta de ouvir e tocar?
São muitas, ocasiões e dias diferentes. De certo modo, não gosto de ouvir música embalada, valorizo muito a música ao vivo, pois isto é realidade, a coisa tem que estar viva. Por isso é comum ficar longos períodos de abstinência, sem ouvir nada (1 ou 2 dias); quando ouço, é por alguma razão especial; não consigo ouvir por mero passatempo, dá tédio, cansa; é como receber uma massagem quando está todo relaxado. Mas entre as minhas favoritas estão:
- 5ª, 7ª e 9ª (o adagio princialmente) Sinfonia de Beethoven;
- sinfonias 4, 7 e 8 de Anton Bruckner (é muito profundamente celestial);
- finlandia, sinfonias 3, 4 e 7 de Sibelius;
- 1812, sinfonia 4 e 5 de Tchaikovsky;
- 1ª e 2ª sinf. (algumas coisas da 5ª) de Mahler;
- Bacchianas de Villa-lobos;
- Aleluia de Haendel;
- diversas do Mormon Tabernacle Choir;
- tem várias do Hinário Adventista; (a música "Eu Te Amo Ó Deus" e "Bem Junto a Cristo" mechem com o coração mais do que o Adagio para Cordas de Barber)
- do quarteto Arautos do Rei estas músicas me marcaram muito: "Começando Aqui", "Se Ele Não For O Primeiro", "Busquem a Jesus", "Deus, Somente Deus", "Lá Na Cruz", "Em Nome de Jesus" "Não Mais Dor"
- outras músicas que também estão entre minhas favoritas: "Asas da Alva", "Um Milagre Senhor", "A Sinfonia do Louvor", "Air" do Bach.
De tocar, gosto muito de Bach, obras do Fauré, vários hinos:o "Como Agradecer", "Eu Achei", "Vencendo Vem Jesus", "Há Um Dever", "Vaso de Honra", "Falar com Deus", Concerto para Trompete do Hummel e do Arturiam, Mahler, Bruckner, temas de filmes como Jurassik Park, Back to Future, Indiana Jones, várias melodias do método do Arban, alguns arranjos do IASA...
Consideração extra
Há muita música na praça, podíamos viver e morrer várias vezes e não daria tempo para ouvir tudo. Acho que no inicio, quando não temos senso critico, critérios, discernimento, acabamos por querer ouvir e experimentar de tudo - em parte, para adquirir critérios -, ou simplesmente ir com a manada e a moda. Mas com o tempo, você vai aprendendo a filtrar, a otimizar seu tempo, você se faz a pergunta: "O que realmente vale a pena ouvir?", já que há pouco tempo nessa vida (quão menos, para ouvir música) e caminha para a morte. As vezes, ouço, coisas que do fundo do coração acho estranhas e não gosto, mas ouço com atenção por interesse tecnico, como BigBands, Jazz, Música Moderna e Contemporanea, Berg, Bernstein, Penderecki, Schoemberg, Shostakovich, Rautaavara. Mas ultimamente não tenho visto muito sentido em música que não seja de carater religioso, e tenho dado mais atenção, no repertório que toco - dou mais atenção avaliando e melhorando o que toco, do que ao que ouço. Mas no geral, creio que busco por músicas que não sejam passageiras, músicas que daqui 100, 300 anos ainda estaremos ouvindo, e que mesmo muitos anos depois, talvez, mesmo na eternidade, você ainda vai reconhecer que foi de grande contribuição para o caráter, e ainda irá descobrir muitas coisas com elas; elas sempre têm algo a propor; pois no geral, o mundo está cheio de músicas passageiras, algumas mal durão 1 ano, e o efeito de quase todas apenas dura enquanto se ouve, outras, nem isso, apenas no clímax (são muito pobres), fora que muitas, podia classificar como "drogas", no mesmo sentido de bebida alcoolica, maconha... muitos ouvem música pela mesma razão que consomem drogas licitas ou ilícitas, apenas porque gostam do efeito de se drogar com elas, injetando-as no ouvido, e por vicio, ou pretexto para sexo... e os efeitos colaterais está no caráter dessas pessoas. Mas quem liga hoje para caráter?
Quais músicos que servem de inspiração?
Em primeiro lugar, meus amigos Elcio, Elton, Hugo, Paulo Vinicius Penegacci, Marcio; os trompetistas Wagner Felix (professor), Sergei Nakariakov, Matthias Höffs, Fernando Dissenha, Alison Balsom, Maurice Murphy; os regentes Karajan, Haitink, Celibidache, Rattle, Gardiner, Abbado, Harnoncourt, Mravinsky, Jansons, Carlos Moreno (OSSA); compositores: Bach, Beethoven, Haendel, Bruckner, Mahler e Sibelius. E uma saudação especial a Eclair Cruz (Arautos do Rei).
Nota:
Autor dos sites: Ociokako e Musicakako
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Músicos